Pesquisa realizada pela consultoria ILOS, em 2022, com operadores logísticos atuantes no Brasil mostra que a maioria (81%) desenvolveu dentro da organização uma área de sustentabilidade. Do total, 30% dos operadores possuem metas de sustentabilidade e 19% tem objetivos dentro de uma área mais ampla, que engloba diferentes ações de ESG (sigla em inglês: Environmental, Social and Governance / traduzindo: Ambiental, Social e Governança).
O termo ESG surgiu em 2004 de uma provocação do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a CEOs de grandes instituições financeiras sobre como integrar práticas ambientais, sociais e de governança no mercado de capitais. Nos últimos anos, o termo ganhou força globalmente, despertando o alerta de empresas nos mais variados segmentos, entre eles o de logística.
Para a compliance officer Elizabete Loz, da empresa Prestex, especializada em Logística Emergencial B2B, o crescimento do setor de logística, aliado às mudanças do perfil consumidor e à busca por eficiência, principalmente após a pandemia, têm incentivado as empresas a investirem em capacitação e inovações, que englobam também práticas de ESG. “A logística movimenta o mundo. Tudo precisa sair de um ponto e chegar em outro, como alimentos, peças, remédios, mercadorias. Se o nosso setor não investir em práticas ambientais, sociais e de governança, estará fadado à estagnação”, alerta.
Elizabete Loz destaca que as práticas de ESG tornam a empresa mais bem preparada para lidar com as expectativas e exigências do mercado frente aos riscos ambientais, implicações sociais e sustentabilidade econômico-financeira. Essas ações aumentam a integridade corporativa, melhoram as decisões estratégicas e a eficiência da gestão, resultando em maior confiabilidade do mercado. “Além disso, quando a empresa faz a sua parte, serve de exemplo, estimulando fornecedores, colaboradores e os próprios acionistas”.
A compliance officer lembra ainda que, diferente do que muitos pensam, as práticas de ESG não precisam ser mirabolantes ou com altos investimentos, mas precisam ter conexão com a cultura e a atividade da empresa. Na Prestex, que atua há 20 anos em Logística Emergencial B2B, atendendo a indústria de transformação e indústria de medicamentos, os exemplos estão nas três letras:
E (environmental/ambiental) – Redução de impressões e uso do papel em mais de 65% no último ano, substituição de copos plásticos por canecas de metal individuais, coleta seletiva do lixo destinado para reciclagem. Está em estudo para os próximos anos também uma estratégia de descarbonização, através da redução de emissão de carbono na atmosfera em parceria com os fornecedores.
S (social) – Programa Jovem Aprendiz, apoiando o ingresso de jovens ao mundo corporativo. Incentivo dos colaboradores para ações sociais (doações de alimentos e chocolates em datas comemorativas, campanha do agasalho). Parcerias com comunidades e entidades em ações de endomarketing. Implantação de plataforma educacional para os colaboradores e iniciativas para estimular a diversidade e a inclusão. Cerca de 50% do quadro da empresa é composto por mulheres. Em julho de 2023, a Prestex também integrou o movimento Vez e Voz do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo (SETCESP), que fomenta o crescimento profissional das mulheres no setor.
G (governance/governança) – A Prestex nasceu de uma empresa familiar e para garantir a perenidade do negócio vem investindo em Governança Corporativa, com estruturação hierárquica e do conselho administrativo; criação do código de ética e conduta dentro do programa de compliance; elaboração das políticas da empresa; gestão transparente para prestação de contas, gestão de fornecedores e parceiros de negócio; prevenção e controle de riscos; investimento tecnológico para gestão corporativa; monitoramento de métricas para satisfação do cliente; participação em entidades do setor. Atualmente o foco está na capacitação dos líderes da empresa, na melhoria de práticas de gestão por resultado e na proteção de dados e segurança da informação.
Elizabete Loz, compliance officer e especialista no mercado, finaliza destacando que só é possível crescer de forma sustentável, valorizando e respeitando as pessoas e o meio ambiente, tendo como base uma sólida governança corporativa. “Isso só é possível com uma cultura de integridade. Independentemente do que aconteça, as empresas precisam fazer o que é certo”.